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Democracia? Porquê?

Existe, não só na Europa mas também noutros continentes, uma tendência para, se não aceitar, pelo menos ignorar a subida da extrema-direita em mediatização e até, nalguns países, em intenções de voto.

Ora, esta subida tem razões, umas mais óbvias que outras, mas que devem ser todas abordadas seriamente, até porque as ideologias que sustentam a acção da extrema-direita não são nem pacíficas nem, muito menos, democráticas.

Numa altura de crise em que é quase palpável uma saturação dos moldes actuais, e em que todos querem apresentar modelos novos com a intenção de estar na vanguarda de uma inevitável nova era, fazer a defesa dos modelos existentes, ou melhor, das bases em que esses mesmos modelos assentes, poderá parecer um contra-senso.

Não é. O que causou saturação dos paradigmas vigentes foi o abuso dos actores humanos. As bases, contudo, são saudáveis e permanecem como a melhor forma de governo existente – ou, no mínimo, como diria Winston Churchill, “a pior forma de governo…com excepção de todas as outras”.

Com efeito, a democracia conheceu desde o início do século vários novos adversários em relação aos quais ainda não encontrou uma resposta firme. Desde a ameaça do terrorismo religioso, nomeadamente o islâmico, até, mais recentemente, às vulnerabilidades reveladas pelas democracias ocidentais em relação ao Wikileaks, são vários os ataques ainda sem resposta concreta. São precisamente essas respostas que ditarão o futuro das democracias nas próximas décadas.

Na sociedade de informação dos nossos dias, a democracia é a única forma de governo que consegue assumir um carácter duradouro. Todos os outros sistemas, porque repressivos, não conseguem segurar-se por longos períodos de tempo. É visível, por exemplo, a agonia e o combate desesperado da teocracia iraniana às fugas de informação, “patrocinadas” pelas novas tecnologias de informação.  Será esse combate, entre liberdade de informação e segurança interna e externa, que os regimes democráticos terão que travar num futuro próximo.

 

Rodrigo Vaz