Ok. Esquerda. O que é isso de ser esquerda e de esquerda? Actualmente, a actividade politica e as ideologias estão em constante mutação. A politica está mais “pop”, supostamente mais acessível, explicada na televisão, mas os consultores de imagem acabam por tornar a mensagem mais ou menos turva. As ideologias, por seu lado, conhecem, desde há 15 anos para cá, um período de flexibilidade – mais que flexibilidade, de desvanecimento. Desde Tony Blair, a simbiose entre o mercado livre e a presença do Estado tornou-se um dogma da “esquerda moderna”. Durante os 10 anos em que Blair esteve no poder, o Estado tornou-se efectivamente mais controlador, mas não no campo económico. Enquanto essa área passou por um período de crescente liberalização, o Estado imiscuiu-se como nunca na vida das pessoas.
É esse o rumo? Não? Então, o que falhou? É isso ser de esquerda?
Não. Hoje em dia confunde-se esquerda com gostar muito das pessoas e querer que elas não fiquem desempregadas e tal. Essas coisas. Isso, no entanto, devia ser preocupação de todas as ideologias, se já não o é. Ser de esquerda é não deixar tudo nas mãos do mercado e esperar que ele regule tudo automaticamente. Tenho uma novidade: ninguém cria uma empresa à espera de prejuízo. Como é que é possível que a saúde possa ser regulada por privados? O mercado livre deve ser a regra, mas há sectores basilares que devem permanecer intactos – ou quase.
A “esquerda moderna” não nos serve, não serve à esquerda, precisamente porque não o é. Urgem medidas concretas, não da esquerda dos costumes (aborto, casamentos homossexuais, …), mas da esquerda económica, por actores que não estes. Urge uma esquerda sólida.
Rodrigo Vaz
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